domingo, 11 de abril de 2010

° Mulheres, Bruxas ou Culpadas?

Ao longo dos séculos, já fomos chamadas por muitos nomes. Desde a antiguidade e através de civilizações, as mulheres sempre exerceram papel fundamental em sociedades, que a princípio, eram matriarcais.
Sacerdotisas e mulheres consideradas de grande saber, orientavam os povos através de oráculos, acalmavam feridas com beberagens e ervas, eram temidas e respeitadas, por sua sabedoria e magia. Magia essa que, através de minhas pesquisas e inúmeras leituras, acredito que venha de dentro de nós mesmas. De nossa aguçada sensibilidade e percepção.
Desde tribos e clãs, até mesmo civilizações inteiras as quais cultuavam seus Deuses e Deusas, prestavam suas homenagens às mulheres e as procuravam por seus conhecimentos e conforto, antes de colheitas e batalhas.
Com o surgimento do Cristianismo, as coisas mudaram. A princípio, quando os romanos chegaram com sua nova religião de um único Deus às antigas ilhas e terras habitadas por sacerdotisas e druidas, concordaram em conviver pacificamente com os antigos povos que ali viviam e suas crenças. Porém, a história nos mostra que não foi bem isso o que aconteceu...

Com o passar do tempo, o Cristianismo passou a ser imposto a todos os povos e seus costumes passaram a ser obrigatórios.
Cultos a Deuses e Deusas considerados pagãos  foram proibidos e punidos com brutalidade. Templos foram destruídos e locais sagrados profanados.
Mulheres antes consideradas divindades no mundo físico, tornaram-se perigosas pecadoras, sendo humilhadas, torturadas e queimadas nuas em fogueiras erguidas em praças públicas ou enforcadas perante o povo, assim como muitos homens. Começava assim a Era da Inquisição.
O primeiro tribunal Inquisidor foi na época medieval, por volta de 1184. Ao longo dos anos, novas inquisições foram instauradas, como a espanhola (1428 a 1871) e a portuguesa (1526 a 1821). A Inquisição Romana ou "Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício" existiu entre 1542 e 1965.
As mulheres então, passaram a realizar seus rituais de forma escondida em florestas e clareiras sagradas. Um exemplo disso, foi a utilização de "pistas" e códigos secretos para informarem às outras aonde deveriam encontrar-se, como o conhecido símbolo da paz que era colocado sob seus sapatos em alto relevo imitando pegadas de corvos, para que as outras seguissem até o local.
As mulheres na verdade, eram consideradas a imagem do pecado e do demônio, por despertarem desejos e pensamentos impuros nos homens. Sendo assim, todo e qualquer indício de que praticavam seus cultos era motivo para que fossem brutalmente punidas, com os rigores da Igreja.
Foram longos 8 séculos de terror. Fora instituído o Index Librorum Prohibitorum, uma lista de todos os livros considerados hereges e proibidos de circulação.
Surgiu também, o Malleus Maleficarum (ou Martelo das Feiticeiras) em 1487, compilado e escrito por dois inquisidores dominicanos, Heinrich Kraemer e James Sprenger. A obra dividia-se em três partes: a primeira ensinava os juízes a reconhecerem as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes; a segunda expunha todos os tipos de malefícios, classificando-os e explicando-os; e a terceira regrava as formalidades para agir “legalmente” contra as bruxas, demonstrando como inquiri-las e condená-las.
A fogueira foi o mais comum e conhecido método de punição, porém outras inúmeras formas de tortura eram aplicadas para obterem a confissão, tais como: 
Roda do Despedaçamento: O réu era amarrado com as costas na parte externa da roda. Sob a roda, colocava-se brasas incandescentes. O carrasco, girando lentamente a roda, fazia com que o réu morresse praticamente "assado". Em outros casos, no lugar de brasas, colocava-se agulhões de madeira que o corpo, girando devagar e continuamente, era arranhado terrivelmente. Este suplício estava em voga na Inglaterra, Holanda e Alemanha, de 1100 a 1700;

  


Cadeira de Inquisição: O réu deveria sentar-se nu e com mínimo movimento, as agulhas penetravam no corpo provocando efeito terrível. Em outras versões, a cadeira apresentava o assento de ferro, que podia ser aquecido até ficar em brasas (era aquecido com uma fogueira por baixo). A agonia do metal pontiagudo perfurando a carne nua era intolerável; segundo registros, poucos acusados aguentavam mais de 15 minutos nessa cadeira, antes de confessar. A cadeira tem 1606 pontas de madeira e 23 de ferro


Cavalete: O condenado era colocado deitado com as costas sobre o bloco de madeira com a borda cortante, as mãos fixadas em dois furos e os pés em anéis de ferro. Nesta posição (atroz para si mesma, se pensarmos que o peso do corpo pesava sobre a borda cortante), era procedido o suplício da água. O carníficie, mantendo fechadas as narinas da vítima, introduzia na sua boca, através de um funil, uma enorme quantidade de água: dada a posição, o infeliz corria o risco de sufocar, mas o pior era quando o carníficie e os seus ajudantes pulavam sobre o ventre, provocando a saída da água, então, se repetia a operação, até ao rompimento de vasos sanguíneos internos, com uma inevitável hemorragia que colocava fim ao suplício. Outro sistema de tortura que usava o cavalete, era aquele do "fio de água". A imputada era colocada nua sob um finíssimo jato de água gelada e deixada nesta posição por 30 a 40 horas. Este suplício era chamado "gota tártara" porque foi inventada na Rússia (país que sempre privilegiou os sistemas de tortura lentos e refinados).
 
 Esmaga Cabeça: o queixo da vítima era colocado sobre a barra inferior, depois a calota era abaixada por rosqueamento sobre sua cabeça. Primeiro despedaçavam-se os alvéolos dentais, depois as mandíbulas, quando advinha a saída da massa cerebral pela caixa craniana. Com o passar do tempo, este instrumento perde sua função de matar e assume aquela inquisitória, ou de tortura. Desta forma, obtinha-se toda e qualquer confissão, verdadeira ou não...


Muitas outras formas de tortura eram aplicadas, para conseguirem uma suposta confissão de bruxaria, antes de enviar as acusadas às fogueiras ou guilhotinas. Muitas acabavam confessando apenas para livrarem-se do sofrimento, e milhares foram assassinadas em nome de uma Igreja que se dizia a voz do próprio Deus. Vigiar, perseguir e condenar...
Segundo relatos de alguns dos clérigos, muitos inquisidores exigiam às acusadas que fizessem sexo com eles, em troca não haveria acusação perante a Santa Inquisição.
Atrocidades cometidas em nome de um Deus que pregava punição e castigo.

Gradativamente, contando com o apoio e o interesse das monarquias européias, a carnificina se espalhou por todo o continente. Para que se tenha uma idéia, em Lavaur, em 1211, o governador foi enforcado e a esposa lançada num poço e esmagada com pedras; além de quatrocentas pessoas que foram queimadas vivas. No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas em um celeiro ao qual atearam fogo. Os julgamentos em Toulouse, na França, em 1335, levaram diversas pessoas à fogueira; setecentos feiticeiros foram queimados em Treves, quinhentos em Bamberg. Com exceção da Inglaterra e dos EUA, os acusados eram queimados em estacas. Na Itália e Espanha, as vítimas eram queimadas vivas. Na França, Escócia e Alemanha, usavam madeiras verdes para prolongar o sofrimento dos condenados. Ainda, a noite de 24 de agosto de 1572, que ficou conhecida como "A noite de São Bartolomeu", é considerada "a mais horrível entre as ações inquisidoras de todos os séculos". Com o consentimento do Papa Gregório XIII, foram eliminados cerca de setenta mil pessoas em apenas alguns dias.


Além da Europa, a Inquisição também fez vítimas no continente americano. Em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que eliminou setenta e cinco hereges. Em 1692, no povoado de Salem, Nova Inglaterra (atual E.U.A.), dezenove pessoas foram enforcadas após uma histeria coletiva de acusações. No Brasil há notícias de que a Inquisição atuou no século XVIII. No período entre 1721 e 1777, cento e trinta e nove pessoas foram queimadas vivas.
No século XVIII chega ao fim as perseguições aos pagãos, sendo que a lei da Inquisição permaneceu em vigor até meados do século XX, mesmo que teoricamente. Na Escócia, a lei foi abolida em 1736, na França em 1772, e na Espanha em 1834. O pesquisador Justine Glass afirma que cerca de nove milhões de pessoas foram acusadas e mortas, entre os séculos que durou a perseguição.




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