segunda-feira, 19 de abril de 2010

° As Moiras


"Nós tecemos a teia
Da vida e da morte
Trançamos a meada do destino
Para todo e qualquer mortal
Estendemos um fio dourado
Partindo do Salão do Luar
Firmamos suas pontas
No Oriente e no Ocidente
No Norte e no Sul
Um arremate é dado ao Meio-dia
Uma prega é costurada
Na casa do Alvorecer
O trabalho finda-se
No Salão do Sol-Poente"

Na mitologia grega, as Moiras eram as três deusas que determinavam o a vida e o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos e suas decisões não podem ser transgredidas por ninguém. Retratadas na arte e na poesia como mulheres velhas e severas, ou como virgens sombrias, as deusas eram freqüentemente vistas como fiandeiras. Também conhecidas como as Fúrias, repartiam para cada pessoa, no momento de seu nascimento, uma parcela do bem e do mau (embora uma pessoa pudesse acrescer o mau em sua vida por si própria). 
Durante o trabalho, as Moiras fazem uso da Roda da Fortuna (ou Roda da Vida), que é o tear utilizado para se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. Seus nomes eram:

Cloto, a fiadeira (em grego significa "fiar"), segurava o fuso e iniciava o tecimento do fio da vida. Atuava como deusa dos nascimentos e partos.

Láquesis, a distribuidora (em grego significa "sortear"),  puxava e enrolava o fio tecido. Atuava sorteando e distribuindo o quinhão de atribuições que se ganhava em vida.

Átropos, a inflexível (em grego significa "afastar"), detinha o poder de cortar o fio da vida, determinando assim o fim da vida no período designado. 
 
As Moiras eram filhas sem pai de Nix, segundo Hesíodo. Moira, no singular, era inicialmente o destino. Na Ilíada, representava uma lei que pairava sobre deuses e homens, pois nem Zeus estava autorizado a transgredi-la sem interferir na harmonia cósmica.
O mito grego predominou entre os romanos a tal ponto que os nomes das divindades caíram em desuso. Entre eles (romanos) eram conhecidas por Parcas chamadas Nona, Décima e Morta, que tinham respectivamente as funções de presidir a gestação e o nascimento, o crescimento e desenvolvimento, e o final da vida; a morte; notar entretanto, que essa regência era apenas sobre os humanos.
Há uma versão errada, que diz as Moiras eram filhas de Têmis. O que gerou esta confusão, possivelmente foi tê-las confundido com as Horas (ciclospresentes na natureza, estações, clima, vegetação, etc); que também agem nas energias cíclicas da natureza, assim como as Moiras (ciclos vitais da vida, nascer, crescer,etc). Têmis na mitologia grega é a deusa dos juramentos, mãe de Diké, deusa da justiça, a protetora dos oprimidos.
Entre os germanos, as Moiras são conhecidas como as Nornas. Esse trio de deusas viviam na Fonte de Urd, próxima a uma das raízes da árvore do Mundo Yggdrasil, eram elas: Urd (o Passado), Verthandi ou Verdandi (o Presente) e Skuld (o Futuro).
No Edda germânico existe o mito de que o freixo do mundo Yggdrasil une a terra. Quando ela for destruída pelos numerosos animais, que devoram suas folhas, e pela serpente Nidhöggr, que corrói suas raízes, será o fim do mundo. As Nornas porém cuidam para que Yggdrasil esteja sempre provida de água fresca para protelar a sua destruição, mesmo que não consigam evitá-lo...
Os ingleses conheciam as Nornas com o nome de "As Irmãs Estranhas". Os anglo-saxões as chamavam de Wyrd; em alemão antigo, Wurd. Essas Irmãs Estranhas são descendentes diretas das Moiras ou Parcas gregas. Estas deusas sempre foram levadas muito a sério e recebiam sacrifícios de mel e flores. Ainda no período medieval, três anéis eram utilizados em rituais especiais para invocar as Moiras. As três gunas, ou fios coloridos (branco, preto e vermelho) da Índia, eram entrelaçados a todas as vidas segundo as ordens das Moiras. Ovídio, Teócrito e outros escreveram sobre linhas da vida com as mesmas cores na literatura grega.

Ritual às Moiras...

Consiga três fios: vermelho, preto, branco e entrelace-os. Ate as duas extremidades em separado. Faça-o do tamanho que desejar. Enquanto os entrelaça, diga:

"Acima, abaixo, linhas do destino.
Tanto na minha vida, como em todas as coisas.
Trançando o padrão, cedo ou tarde,
Verei o resultado que as ações trazem."

Beije a trança quando estiver pronta e amarre-a ao redor de sua cintura, ou coloque-a no pescoço. Visualize as Moiras ou as Normas nórdicas diante de você. Erga suas mãos para ela e diga:

"Um novo ano surge.
As linhas se entrelaçam,
Para finalmente revelar meu destino.
Ó Moiras da Vida, peço sua ajuda,
Para clarear meu caminho e me libertar.
Que as velhas coisas feneçam e desapareçam.
Que o novo chegue me trazendo prosperidade.
Ó Moiras da Vida, peço sua ajuda,
Para clarear meu caminho e me libertar."

Durma com o cordão trançado sob seu travesseiro e preste atenção a seus sonhos. E esteja para fazer o que for necessário e apropriado para retificar sua vida e tornar seu caminho mais suave.  
("Láquesis", de John William Waterhouse)

Nenhum comentário:

Postar um comentário